Estereótipo de mãe: como a sociedade rotula a mulher na maternidade

estereótipos de mãe

Quem sou eu agora que me tornei mãe? Eu tenho que ser essa pessoa rotulada pela sociedade?

Deixar temporariamente de lado projetos e sonhos, romper com a individualidade, tomar conta de uma vida, são algumas das tantas rupturas que sofremos ao adentrar o mundo da maternidade.

E ainda ter que aguentar palpites, conselhos, olhares e julgamentos dos outros? Ah não né?!

Parece ser automático. Pariu, PLIN! Mudou a maneira como nos enxergam. Vou mais profundo, muda mais ainda a maneira como nos enxergamos (se isso tem a ver com os padrões, não sei).

O fato é que quando me tornei mãe, senti uma transformação real. Tive vários insights durante os primeiros meses de vida da minha filha e passei a ver o mundo de uma outra maneira, o que, diga-se de passagem, não foi tão fácil de lidar e nem de enfrentar.

Além da mega responsabilidade em fazer aquele serzinho sobreviver, passei e ainda passo por provas de fogo ao dar de cara com a constante supervisão alheia.

Se eu falho, olham como se eu fosse a pior mãe do mundo. Até ser simplesmente divertida, incomoda.

“Pô, eu sempre falei besteira, ri de bobagens, agora me olham torto quando solto uma piada?”

É como se eu tivesse perdido meu passado. Minhas experiências antes dos filhos não fazem mais sentido para os outros. E isso me adentrou de uma maneira que me fez pensar:

Agora Sou Mãe! Talvez tenha que me comportar como tal… (como se mãe tivesse bula, né?!).

Outro ponto é o desaparecimento das pessoas que antes estavam sempre ao meu redor. Sumiram. Chamar pra sair então…mais nenhum convite.

Teve só uma vez que decidi ir a uma festa, me dar uma folga, um vale-night! A primeira pergunta quando encontrei um conhecido foi: “cadê a sua filha???” (com esse 3 pontos de interrogação mesmo porque ele estava com um olhar assustado). Como se eu tivesse cometendo um crime por estar ali, me divertindo…

Tem um vídeo super didático que mostra o quanto a mãe tem que seguir um certo padrão de comportamento (Salve, Hel Mother!). Assiste aí e me fala depois.

Até os convites mais simples como dar uma volta no shopping, ir naquela feira, ficam mais escassos.

A sensação que me dá é que as pessoas acham que o bebê é um alien, que não dá pra fazer nada, além de acalmar choro, limpar bundinhas e dar de mamar…

Mas dá! Eu mesma levei minha filha para fazer trilhas e visitar cachoeiras quando ela tinha 4 meses de idade. Tomei todos os cuidados possíveis, planejei tudo e foi maravilhoso!

E eu sei que tiveram vários comentários do tipo “ela é louca?”, “depois a filha pega uma doença e a mãe não sabe o por quê…” e por aí vai.

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Eu, o sling e minha parceirinha desbravando a Chapada dos Veadeiros (GO), em 2017. Foto: Felipe Carneiro

Você passa a perceber que não basta ser mãe, você tem que ser uma mãe perfeita aos olhos da sociedade. Tem que ser um exemplo, não pode pirar, tem que dar conta, tem que se vestir e se portar como uma mulher de família (imagina isso tudo pra quem é mãe-solo).

Tenho amigas que passaram por situações constrangedoras na maternidade, como a de ser julgada por causa da roupa.

“Tenho uma saia que amo, sempre a usei, eu me sentia muito bem quando vestia. Agora que ela voltou a caber, as pessoas perguntam: “cadê o resto da sua roupa, mamãe?”

Acho que perdi a parte em que o estilo de se vestir influencia a maneira como a mulher educa e cria seu filho. Haha!

Parei pra pensar e percebi que esses rótulos criados e enraizados pela sociedade desde 1600 e bolinhas A.C interferiram na minha vida.

Trouxe um sentimento de culpa e me fez perder um pouco da autoconfiança.

Esses tempos, uma mãe em um grupo do whatsapp disse que queria desmamar porque achava feio amamentar bebê grande. O filho dela tem 1 ano e 4 meses! (Me desculpem, mas isso é resultado dos absurdos que nos repetiram a vida toda).

Quando vou buscar a pequena na cuidadora, ela sempre pede pra mamar, dou ali mesmo e todas as vezes a babá fala : “o que você quer com isso, menina?! Isso é caca! Não tem que mamar, tem que comer”. (Uma pausa para uma respiração bem profunda!)

A maternidade já é uma grande transformação, já nos sentimos distantes do nosso “EU” e ainda tem esse tanto de afronta… fica mais difícil ainda!

E digo mais, você já parou pra pensar como é a reação de uma pessoa ao saber que aquela motoqueira ali, vestida com botas de couro, pilotando uma motona é uma mãe?

estereótipos de mãe

Foto: Divulgação

Ou aquela mulher que pratica o pole dance tem três filhos?

Consigo enxergar milhares de dedos sendo apontados para aquele ser que está ali apenas tentando ter um tempo pra si, fazendo o que mais gosta.

Deixar de ser mãe nem que seja por uma hora é quase uma meditação. Fica a dica!

Para finalizar, não existe certo ou errado quando o assunto é ser mãe. Cada mulher constrói uma relação diferente com os filhos e cria da forma que entende ser a melhor.

A maternidade não é um clube exclusivo em que você só pode entrar se você se vestir ou agir de determinada forma. A maternidade está cheia de mulheres que têm vidas e histórias próprias.

Mães não cabem em estereótipos. Nós somos muito mais que isso.

 

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