Eu não amamentei meu filho

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Fui convidada pelo site Mulher da Abril a compartilhar um relato sobre maternidade.

Decidi falar sobre as minhas dificuldades no processo de amamentação e como me senti ao ter amamentado meu filho por pouco mais de 30 dias.

Minha experiência com a amamentação

“Eu não tenho nenhuma foto do meu filho se alimentando antes dos seis meses de vida. Hoje, quase quatro anos depois, me dou conta de que isso não é normal.

Arrependo-me de não ter registrado aqueles momentos, que me fazem muita falta.

Era assim: só eu e ele. A gente se olhava nos olhos e dessa maneira, nasceu a maior troca de amor que eu já pude sentir na vida.

O vínculo entre mãe e filho era reforçado – ele sentia o meu cheiro, pegava no meu cabelo, tocava na minha pele e preenchia o meu colo.

Eu também aproveitava para conversar baixinho, contar para ele como estava sendo a experiência de ser sua mãe, agradecia por tudo o que estava vivendo, mas também desabafava sobre os desafios e dificuldades que enfrentávamos nesse processo de adaptação.

Eu sabia que ele era o meu maior confidente e eu a dele.

Você, que está lendo esse texto do outro lado da tela, deve estar se perguntando sobre quais momentos específicos da maternidade eu me refiro.

E sim, eram aqueles em que o meu bebê era amamentado. Só que com mamadeira.

Eu nunca havia cogitado não amamentar – como a maioria das grávidas, isso já estava nos meus planos.

Perceber que o processo não estava dando certo, que o meu filho passava fome, perdia muito peso e que ele não estava saudável – palavras do pediatra – me desmoronou.

Eu tentei de tudo, mas não conseguimos.

Vejo pouca gente falando sobre esse assunto e, talvez por isso, eu deva falar sobre ele.

Na época, procurei amparo, relatos que pessoas que estavam passando pelo mesmo que eu e mesmo com tantas informações, me sentia só.

O que eu encontrava por aí eram muitas celebridades amamentando com um grande sorriso no rosto, campanhas de amamentação que reforçavam sobre o laço que é criado entre mãe e bebê.

Em muitos momentos, eu me sentia perdida. Então, quem não consegue amamentar não vai ter o mesmo vínculo com o filho?

Dizer que a amamentação é a melhor alternativa e deve ser a única opção para o bebê nos primeiros meses é incontestável.

Tenho certeza disso. Está provado. É ciência. E se eu pudesse, teria feito.

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Agora, supor que a amamentação no peito cria uma conexão maior entre mãe e bebê e que uma mãe é considerada melhor porque consegue ter essa experiência com o filho não é legal.

Vocês sabem o que isso causa em uma mulher que não conseguiu vivenciar isso? Pois é…

Hoje, eu tenho certeza de que quem cria esse laço duradouro somos nós – independente do tipo de parto ou da amamentação.

Mas tenho certeza de que a maioria das mães de primeira viagem, fragilizadas e inseguras, vão se sentir “menos” mães, se questionar e ficar com a autoestima baixa se não conseguir amamentar. Foi assim comigo.

Eu tinha tanta vergonha e culpa, que chegava a dizer para algumas pessoas que o que tinha dentro da mamadeira era leite materno – só para não ouvir perguntas e julgamentos, que eu não tinha estrutura e nem paciência para responder naquele momento.

Hoje, mais amadurecida, vejo que supervalorizei o problema. Meu filho está lindo, saudável, bem criado. Sou a melhor mãe que posso.

Acredito que eu poderia ter sido ainda melhor, se eu não tivesse perdido tanto tempo ficando preocupada e me desgastando com palpites desnecessários naquela época.

Boa mãe é aquela que ama o seu filho e que dá o seu melhor para vê-lo feliz e saudável. Ponto final.”

Pra finalizar, quero dizer que eu apoio a amamentação, e se pudesse, teria feito com maior amor do mundo.

Tem um post aqui só de dicas de amamentação.

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A Time tratou sobre o tema com uma matéria de capa : “the Goddess Myth”, ou “O mito da Deusa”.

Com histórias tristes de mulheres frustradas – de uma que insistiu tanto no aleitamento exclusivo, mesmo sem ter leite, que o filho quase morreu de fome.

A outra que se escondeu em casa por ter “vergonha” de ter tomado anestesia ao parir.

A revista explora a epidemia de depressão pós parto no mundo contemporâneo. Tenso!

Como podemos ver, nem toda história acontece do jeito que a gente prevê! 🙂

E obrigada a todas que me apoiaram nessa caminhada!

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