Conversas noturnas
Quarto escuro, dentes escovados e xixi feito.
Hora do papo cabeça antes de dormir
– Mãe, quando eu crescer eu vou ser o Batman, tá?
E continuou falando sobre quão legal seria morar na BatCaverna, e das muitas armadilhas que iria planejar contra Coringa e Lex Luthor, que aliás, é um fracote.
De repente, uma pausa.
– Mas mãe, eu vou querer que tu e o pai morem lá comigo. Vocês podem?
– Sim, filho. Se tu quiser, a gente vai morar na BatCaverna.
Outra pausa.
– Mas e quando vocês morrerem?
Outra pausa. Dessa vez, minha.
– Ah filho, mas acho que isso demora. Dá tempo de morar na BatCaverna.
– Demora quanto?
– Não sei.
Achei que a conversa ia se alongar, mas acho que ele entendeu que certas respostas a gente não tem mesmo.
– Mãe (sim, ele fala “mãe” a cada frase), sabia que eu já sei fazer manobra de patinete?
A arte de desviar de assuntos desconcertantes.
Sim, as crianças aprendem também.